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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mais um ano que se passa

Como é costume no meu blog, a cada fim de ano eu resolvo dar uma repaginada no visual e na proposta do blog. A proposta não deve mudar muito o foco em curiosidades e informações a respeito do mundo das cervejas será mantido. Porém, a partir de 2012, os temas serão apresentados no formato de vídeo, assim como é feito pelo colega Daniel Wolff no seu site: www.mestre-cervejeiro.com. Recomendo muito a visita ao site dele e espero que as novas apresentações e ideias do ano que virá atraiam mais seguidores, colegas, amigos, além dos poucos que consegui cativar com esse blog ao longo deste ano de 2011. Se eu conseguir fazer pelo menos uma pessoa se apaixonar pelas cervejas como eu me apaixonei, já terá valido a pena!

Que venham as festas e um novo ano cheio de novas empreitadas!


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Degustação de Cervejas Argentinas

Estive em Buenos Aires na semana passada (de 18-11 a 25-11) e como bom amante das cervejas, apesar das inúmeras recomendações de que a força porteña está em outra fermentação (a da uva em vinho), resolvi conhecer mais de perto a cena cervejeira em Buenos Aires.

Encontrei pouco material de referência, exceto o site do brejas (eterna referência) e o paraquevocerveja.blogspot.com, do Rodrigo Campos, que me deu dicas de alguns outros lugares interessantes para visitar.

Começamos pelo Buller (www.bullerpub.com), uma microcervejaria situada no bairro da Recoleta com fililal no centro, que foi onde conhecemos a casa. Pedimos o menu degustação com as 6 cervejas da casa "tiradas" (o mesmo que chopp pra nós). Dos 6 estilos bebidos (Pilsen, Weiss, Honey Beer, Oktoberfest, IPA e Stout), somente a Pislen e a Oktoberfest se destacaram, apresentando harmonia e características sensorias diferenciadas. A Pilsen, com um dulçor maltado e leve aroma de mel, remeteu a representantes brasileiras como a Backer Pilsen. A Oktoberfest chamou atenção por ser uma versão balanceada e com leve presença de malte da IPA oferecida, então, apesar de ser boa, não obedecia muito à proposta de ser uma Oktoberfest. As outras cervejas apresentaram defeitos desagradáveis que comprometeram a degustação, além de me darem o primeiro sinal amarelo para um fato que viria a se repetir nas próximas degustações: descuido na fabricação (ou limitação tecnológica) e pouca variedade de ingredientes na Argentina. Comemos um tira-gosto leve e repetimos (Eu, Polly e Pia) as nossas preferidas. A conta saiu cerca de 50 reais por pessoa.

Seguimos nessa mesma noite para o Kilkenny (www.thekilkenny.com.ar), um típico Pub do rock, com iluminação baixa, uma excelente banda ao vivo, um grande bar central e várias mesas com assentos almofodados. Lá eu provei a Grolsch (garrafa), uma Premium American Lager boa, remetendo a uma Bohemian Pilsner - devido à utilização de mais de um lúpulo na sua formulação e ao amargor um pouco mais presente que o normal - mas cara para o que oferece, sendo comparável a outras boas Lagers que possuem preço mais acessível e maior personalidade. Pia (chefe argentina da Polly, por isso nos encontramos lá!) foi de Negra Modelo, uma Vienna Lager que tem o dulçor característico do malte, puxando bem prum caramelo, tornando a sua degustação ótima! A escuridão da cerveja no copo nos levou a crer que era uma Dunkel, assim como as leves notas puxando para o torrado no conjunto, mas Vienna Lager cabe muito bem no estilo também, tendo um pouco mais de personalidade que uma típica Vienna. Polly foi de Warsteiner tirada, uma Pils alemã que na Argentina tem preços acessíveis e torna uma excelente alternativa à comuníssima Quilmes e à um pouco menos comum Stella Artois. Cada cerveja saiu a cerca de 15 reais por pessoa e foi só isso que bebemos ali.





No dia seguinte, fomos para a Cervelar (www.cervelar.com.ar), uma típica loja de cervejas artesanais, com longas estantes de madeira repletas de cerveja, decoração temática e algumas mesinhas para sentar e beber lá dentro alguns dos poucos chopps disponíveis e/ou a grande maioria dos rótulos à venda. A atendente, que parecia ser a proprietária, nos tratou muito bem (ficamos no bar conversando com ela) e parecia que não conhecia muita coisa de cerveja fora do seu país. Começamos (eu e Polly) pela Barba Roja Lager, com interessantes notas de mel e um corpo bacana devido à menor quantidade de filtrações que sofre no processo de sua fabricação. Apesar da característica mais doce e puxada pro malte, tem o retrogosto do lúpulo presente e discreto, tornando-a uma típica e boa Lager. Fui de Sixtofer IPA - já que falei e falei de novo do meu amor pelas IPAs e a atendente me garantiu que essa era uma das melhores dali - e realmente provei uma boa IPA, bem floral, bem harmônica e de um vermelho intenso bem bonito. Polly foi de Deleuzer Trippel, com bastante sabor de tutti-frutti e uma presença mais discreta de damasco. Cor acobreada e espuma persistente de pequenas bolhinhas, mostrando uma fermentação complexa. Bebemos tiradas da Kraken (IPA) e da Mula (Lager), que apresentou alguns defeitos como DMS e H2S e não apresentou o corpo, a espuma e a personalidade das em garrafa que degustamos. Mas, como estávamos emplogados com a boa descoberta do dia, resolvemos levar algumas para beber no quarto do hotel e descobrimos, mais tarde, que devíamos ter ficado com a boa impressão do bar...


Num outro dia a noite, fomos beber as cervejas que adquirimos no Cervelar, após um dia de caminhadas, e veio aí uma grande decepção. Tomamos alguns rótulos e a conclusão foi a que o fermento utilizado na Argentina não é dos melhores ou não é bem utilizado, porque a maioria dos rótulos nos forneceu um forte aroma de pão ou era mais voltado para o tutti-frutti (o mesmo da Trippel, que apareceu em 2 Dubbels de marcas diferentes, dando a entender que as Dubbels ali são versões mais brandas das Trippels, pois era exatamente isso que elas eram). Outra característica muito presente foi o forte gosto de cinzas em cervejas escuras que não eram Rauchbier, mostrando uma qualidade menor do malte ou uma limitação tecnológica na hora de torrar os maltes, deixando todas com o mesmo gosto final e persistente de cinzeiro, para nossa infelicidade. A única que salvou foi a Barba Roja Bock, que obedeceu fielmente ao estilo, apresentando notas suaves de torra (sem cinzas) e potente álcool e gosto de malte, uma delícia que vale a pena repetir.

Apesar de tudo, voltei com a boa sensação (rival da Argentina que somos, hehehe) de que nosso cenário cervejeiro está algumas décadas à frente do dos hermanos, para nossa alegria - pois ele está ainda engatinhando! Orgulho de ser brasileiro!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

On-flavours IV

Depois de um tempo ausente, volto para complementar a série de on-flavours com alguns flavours que achei que são importantes e não enquadravam em nenhuma das sub-categorias dos outros posts. Vou aproveitar este post também para dar algumas boas dicas da TV e internet sobre cervejas!

O primeiro flavour que vou mencionar é o spicy (condimento, especiaria) que não sei como não tinha colocado ele até agora. Muitas das belgas tem esse flavour, seja por adição de alguma especiaria de fato, ou durante a maturação da cerveja. O elemento associado a esse flavour é o Eugenol (ou 2-metoxi-4-(2-propenil)fenol). Esse segundo a gente não precisa nem tentar memorizar... Esse flavour puxa menos para o cravo e mais para as pimentas. Tentei achar mais explicações da origem e da formação desse flavour e não obtive sucesso, só consegui descobrir que o elemento químico associado a ele é muitas vezes associado a óleos e essências de cravo e tem nomes menos complexos que o apresentado aqui como 4-metil-2-metoxifenol. Esse flavour é off em cervejas lagers ou pale ale, indicando uma contaminação, já que a maturação dessas não é usualmente prolongada.


Outro flavour não mencionado foi o de amêndoas, oriundo do Benzaldeído. É usualmente um off-flavour, sendo desejável em cervejas frutadas, como ocorre na Floris Fraise mencionada aqui no blog, uma cerveja aromatizada com morango. Também é um flavour associado com o "envelhecimento", mas nesse caso é com a estocagem e não com a maturação.


Esse último flavour é o mais inusitado de hoje: o caprílico, associado ao ácido octanóico e causado pela levedura durante a maturação e não a fementação. Off-flavour em altas concentrações e on-flavour em concentrações moderadas, já que vai trazer uma semelhança com queijos maturados (principalmente os de: leite de cabra), aumentando a complexidade da cerveja.


Com esse post, além de finalizar minha série de posts sobre flavours, concluí que certamente alguns dos flavours que dou por certo, com por exemplo: cravo é 4-vinil-guaiacol da fermentação, não é necessariamente só daí que ele veio, podendo ter sido oriundo de alguma ação na maturação, e estar assim também associado ao Eugenol.

Agora vamos para a segunda parte do post. A primeira dica que vou dar aqui é a visita ao site do Daniel Wollf (www.mestre-cervejeiro.com), que além de ter trazido a cultura vlogueira ao mundo cervejeiro (a parte de vídeos do site é muito interessante, penso até em fazer uma versão do LeoVivi a partir do ano que vem, com estilos que ele ainda não abrangeu, é claro!), é um grande conhecedor de cervejas e atencioso para com os frequentadores (respondendo pacientemente a TODAS as perguntas feitas), o que para mim, fez e continua fazendo diferença demais! A segunda dica é que no canal TLC (94 na Net em Belo Horizonte) está passando, nas segundas-feiras (às 23h), o programa Mestres Cervejeiros (Brew Masters no original), que trata das experiências cervejeiras de Sam Calagione (da Dogfish Head, uma grande e ousada artesanal dos EUA). Além das malices e ego do apresentador (dando um toque de documentário e reality show ao programa), vale muito a pena assistir, tanto pela parte de história, quanto pela de tecnologia de fabricação de cerveja, que são muito bem apresentadas. Minha última dica fica pela visita ao site do World Beer Awards (http://www.worldbeerawards.com/), onde pode ser baixado o livro com as campeãs de 2011 na competição, tendo até algumas representantes brasileiras da Eisenbahn. A grande campeã foi (pela segunda vez) a Weinhenstephan Vitus (a única Weizenbock clara do mundo), e o prêmio, na minha opinião, é bem digno.

Abraços e até uma próxima, que deve voltar a falar de experiências de degustação! Porque já estou ficando louco de tanto tempo sem beber cerveja boa!

domingo, 23 de outubro de 2011

On-flavours III

Hoje eu vou falar da relação dos flavours desejáveis com o malte, um dos ingredientes mais marcantes das cervejas, e com suas diversas manipulações tecnológicas - que agregam distintos sabores e aromas às nossas tão amadas.

- "Grão ou Grainy" dos chopps Falke Bier, como o Red Baron - o isobutiraldeído dá essa características às cervejas e pode estar associado ao modo como a fervura do mosto é conduzida ou a uma utilização do malte precocemente, sem estocar pelo tempo necessário. É um on flavour, apesar das suas origens serem mais voltadas a possíveis falhas tecnológicas, mas esse processo normalmente é controlado propositalmente para agregar sabor à bebida, como é o caso das Falke. 


- "Malte" das Bock - esse, se você lê meu blog, sabe que é um dos meus flavours prediletos. Seus flavours são oriundos principalmente de compostos O e N-heterocíclicos - esse é complicado de decorar. Essa característica é muito desejável nas cervejas que são propositalmente mais maltadas, como é o caso das cervejas Bock, onde o sabor e aroma diferenciado dessas cervejas vêm principalmente de quantidades maiores de malte usadas. O malte, para quem não sabe, é o grão utilizado para fabricação da cerveja - cevada, sendo o principal, o trigo sendo também muito comum, assim como aveia e outros menos comuns - após criteriosos processos tecnológicos de germinação e torra. As nossas conhecidíssimas Lagers, em sua grande maioria utilizam também cereais não maltados (como o arroz e o milho) para conferirem leveza à cerveja e reduzirem os custos de produção, tornando a breja acessível a todos. 


* Aqui abro um parênteses para falar do flavour de mosto, que é uma característica um pouco menos nobre e mais comum a todas às cervejas. O mosto é basicamente os ingredientes sólidos que são misturados vigorosamente e tratados termicamente para possibilitar a produção da cerveja, que é posteriormente filtrada (ou não) e fermentada e maturada até atingir o ponto exato de envase, virando essa preciosidade que tanto adoramos. 

- "Caramelo" das Dunkelweizen - esse flavour - etil metanol - é associado à adição de açucar caramelizado (ou Farbebier). O flavour pode aparecer já no mosto ou ser reforçado por reações de Maillard (caramelização não enzimática) na pasteurização (quase toda cerveja que não é chopp é pasteurizada antes de ser comercializada, a fim de garantir sua validade prolongada) ou ao longo da estocagem da cerveja.


- "Queimado" das Stouts - esse flavour, também derivado de compostos O e N-heterocíclicos, está associado ao quanto o malte utilizado na cerveja foi torrado. Os deliciososo flavours aqui vão de um espectro normalmente de chocolate amargo a café, variando enormemente entre uma cerveja e outra de acordo com o malte utilizado e a metodologia da torra deste. Eu normalmente me encanto quando essa torra puxa mais para o chocolate amargo, ainda mais em algumas cervejas onde o chocolate amargo é adicionado para reforçar tal flavour. Nesse frio chuvoso de BH, ninguém precisa de mais nada na vida além de uma boa companhia para beber essa delícia.



- "Defumado" das Rauchbier - o flavour de guaiacol aqui é oriundo da defumação do malte. Na brassagem ou na fervura do mosto, esses aromas incorporados ao malte vão ser liberados e dar o gosto e cheiro único de comida defumada - como bacon ou linguiça - às cervejas defumadas, ou Rauchbier, que pede uma harmonização como nenhuma outra cerveja.


- "Dulçor" de inúmeras cervejas - A doçura da sacarose vem da fermentação pelas leveduras dos açucares do malte e dos adjuntos adicionados às cervejas. Em algumas brejas, faz toda a diferença no flavour final, em outras, é mais um flavour coadjuvante contribuindo para o conjunto.


- "Baunilha" - Esse flavour está muito misturado, para mim, à flavours como o butirato de etila da fermentação ou ao próprio dulçor do malte, sendo muitas vezes difícil de separá-lo categoricamente. Muitas vezes também tem uma associação ao biscoito, muito mencionados em várias degustações e análises sensoriais, mas o próprio biscoito eu acredito que não é um flavour isolado de baunilha. Enfim, é isso que torna aas cervejas tão complexas e que nos motiva a provar cada vez mais essas beldades! Esse flavour vem da quebra de compostos da parede celular dos grãos utilizados no fabrico da cerveja - como a cevada. Pode vir também da fermentação por leveduras selvagens de compostos fenólicos produzidos pelas leveduras adicionadas à cerveja. Eita flavourzinho complexo!


Acho que esse post foi o menos técnico e menos preciso, mas quando chega na questão malte, eu realmente acho complexo diferenciar este ou aquele sabor menos evidente e mais harmonizado no conjunto. Espero que não tenha sido simples ou confuso demais as minhas explicações!


domingo, 16 de outubro de 2011

Cervejas que Recomendo

Vou fazer uma breve publicação colocando aqui algumas das cervejas que degustei recentemente, sem ser por um motivo específico, e conforme avaliei-as no site www.brejas.com.br.

Dama IPA (Nota Geral: 4.1) - 15-10-2011

Uma IPA surpreendente, pelo equilíbrio e potência, trazendo um lúpulo forte a cada gole mas sem ser somente isso que se sente, com finais adocicados de malte e da adição de algum carboidrato. Senti mais flor que erva, tanto no aroma quanto no sabor, e o adocicado dá uma pequena desequilibrada em alguns goles, deixando a IPA, na minha opinião, menos IPA do que deveria ser. Uma cerveja excelente, bonita e bem feita, mostrando o potencial da nossa nação! 


Eisenbahn 5 Anos (Nota Geral: 4.3) - 15-10-2011

Ah se toda Amber Lager fosse assim! Muito lúpulo, no aroma e no sabor, com notas amadeiradas e de malte torrado, fechando um conjunto digno de palmas. A cor é muito bonita - vermelho âmbar - e a drinkability é divina. Cervejeiros, inspirem-se na Grimor e na Eisenbahn para fazerem Amber Lagers que seremos todos muito felizes!  


Green Cow IPA (Nota Geral: 4.5) - 15-10-2011

Excelente IPA. O aroma e a cor já são um espetáculo a parte, anunciando o que está por vir. Na boca, começa com o geraniol dando aquele floral intenso - com notas de frutas cítricas - característico do lúpulo Centennial, lembrando as Brewdogs, que usam muito esse lúpulo. No final do gole, aparece o herbáceo do cis-3-hexanol, complementando com chave de ouro a experiência e remetendo levemente a uma Bohemian Pilsner. Recomendo! 



Brewdog 77 Lager (Nota Geral: 4.6) - 12-10-2011

Ah se todas as Lagers fossem assim. O aroma (mais forte que o sabor) de maracujá já te avisa que lá vem uma Brewdog. A cor laranja no copo é de encher os olhos. Na boca, uma refrescância ímpar com muita personalidade, lúpulo e citricidade, dando, para mim, o sabor suave de maracujá amargo. Se todos os bares servissem essa Lager, eu provavelmente seria alcóolatra, hehehe.  



Eisenbahn Weizenbock (Nota Geral: 4.1) - 06-10-2011

Uma boa breja. Tem um fundo de Weiss, remetendo principalmente a banana e não tanto a cravo. As notas do malte torrado são muito bem inseridas e um potente dulçor caramelado do malte lembra-nos que estamos bebendo uma Bock. Drinkability excelente, sem notas exageradas e com uma boa espuma, porém pouco persistente.
Jambreiro Bâdil (Nota Geral: 4.4) - 04-10-2011

Orgulho mineiro, não vou me cansar de repetir essas palavras enquanto eu não degustar uma artesanal mineira que seja ruim. Já conhecia de nome a Jambreiro, mas não esperava que ela fosse tão boa. Conheço pouco do estilo, mas do que conheço, foi bem fiel, com malte torrado sempre presente, lúpulo potente e discreto e um final de frutas vermelhas que sempre sinto nas cervejas do estilo (e as tornam irresistivelemente complexas!). Boa drinkability, tem uma carbonatação na medida que faz ela descer redondo de verdade. Recomendo!  


Bamberg Camila Camila (Nota Geral: 4.4) - 01-10-2011

Boa Bohemian Pilsner, tão característica que associei ao estilo sem saber que pertencia a ele. Adorei a lupulagem, apesar de faltar o herbáceo característico do estilo, e gostei bastante de toda a história do nome da cerveja, torna a degustação mais divertida! Harmônica e suave, apesar de todo o seu IBU. Repetiria várias vezes essa breja, mais um orgulho nacional!



Maredsous 8 Bruin (Nota Geral 4.0) - 26-09-2011

Ganhei essa bela breja de presente do Madeixa e da Flor. A princípio achei que era uma Dubbel, mas depois de beber e agora confirmando no Brejas, vi que é uma Dark Belgian Strong Ale. Gostei das fortes notas de malte e malte torrado, lembrando muito as grandes Bocks como a da La Trappe. Tem uma nota licorosa lembrando a potência do álcool e mostrando o cuidado com a produção. Na hora de abrir, pode ser visto a intensa fermentação, ao desrolhar a garrafa e no copo. A persistente espuma nos relembra esse fato. Uma bela breja, mas um pouco supervalorizada (no custo benefício) a meu ver. Recomendo e quero provar as outras Maredsous.
Colorado Ithaca (Nota Geral 4.0) - 23-09-2011

Provei a badalada Ithaca. Badalada porque não é mais fabricada e a garrafa hoje não consegue ser achada por menos de 50 reais aqui em Belo Horizonte. Mas, eis aí o grande problema dessa cerveja: apesar de ser uma excelente Imperial Stout, com lúpulo na tampa e notas de malte torrado equilibrando o conjunto com a novidade da Colorado de colocar rapadura queimada - balanceando mais ainda o conjunto - essa cerveja não está no patamar dos 50 reais, na minha opinião, que atualmente são muito mais justificáveis pelo fato dela ser uma raridade. Claro que o seu armazenamento vai aumentar a sua licorosidade e até 2013 os poucos exemplares que restarem vão elaborando o seu conjunto, mas a tendência do preço é aumentar e não acredito que será uma grande experiência sensorial como a de outras com a mesma faixa de preço poderiam ser. 



Pauwell Kwak (Nota Geral 4.3) - 23-09-2011

Achei essa Strong Ale belga mais sutil que as demais, que normalmente apresentam fortes notas de frutas (como damasco) e aquele aroma hospitalar (associado à fermentação alta e complexa) característico dessas brejas. O álcool aqui é bem inserido. Adorei as notas de caramelo (voltadas mais pra rapadura) e dulçor (com toques de mel) do malte e da fermentação, com um quê de frutas cítricas e uma leve nota de frutas vermelhas, mas bem leve. Outro fator que eu reparei nessa breja é a discreta presença de malte torrado, mascarando um pouco da especiaria normalmente excessiva, pro meu paladar, das Strong Ales belgas. Gostei muito! 



O site www.brejas.com.br, além de ter a avaliação de outros usuários para comparar com a sua experiência degustativa, ainda é um excelente modo de manter registrado as suas degustações e opiniões sobre as mais diversar brejas.

Abraços e até a próxima!


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

On-flavours II

Como estou aqui no feriadão fazendo companhia para a minha namorada (trabalhando no computador) e após ter recebido um bolo de uma degustação do meu querido amigo Ikona, só me resta estudar cerveja e escrever, já que não estarei bebendo tão logo.

Hoje vou pesquisar e escrever sobre os flavours associados aos ingredientes da cerveja, como o lúpulo e o malte, e a sua influência sobre a nossa percepção sensorial ao degustar cerveja:

* "floral" da Colorado Indica - um dos meus flavours prediletos, é o amargor do lúpulo com características mais florais, dando um buquê marvilhoso à cerveja e um sabor ímpar. Esse flavour é do geraniol e é oriundo da adição do lúpulo (Humulus lupulus) da variedade amarga - como o Cascade, Columbus, entre muitos outros - adicionada com a intenção de conferir amargor à cerveja;


* "amargor" de qualquer IPA ou Bitter - associado à utilização de lúpulos da variedade amarga que exprimem maiores concentrações de iso-alpha-ácidos e menores de iso-beta-ácidos às cervejas, ao contrário do que ocorre com as variedades aromáticas que serão mencionadas a seguir;

- aqui temos que abrir aspas para falar de dois elementos também associados ao lúpulo, que é o kettle hop ou late hopping, que são os elementos aromáticos oriundos de cetonas e terpenos associados à adição de lúpulo no final da fervura do mosto (dando mais características ao aroma que ao sabor). Essa técnica é muito utilizada em lagers, especialmente as premiums, conhecidas por sua características mais lupuladas. Sua adição está mais associada à aromatização da cerveja e por isso é devida à adição de lúpulos de variedades aromáticas - como os Hallertau, Mount Hood, Strisselspalt, Tettnang entre outros.

- o óleo de lúpulo é outro parênteses que deve ser feito. Algumas cervejarias, além de adicionar o lúpulo, ainda adicionam o óleo de lúpulo para dar uma característica mais amarga à cerveja, reforçando o caráter lupulado da mesma. Pelo material de referência que eu li, parece-me que é um hábito somente de cervejas especiais e não um hábito rotineiro.

* "herbáceo" da Wals Pilsen - esse flavour é associado a grama cortada, é derivado do cis-3-hexanol e está intimamente ligada ao tipo de lúpulo utilizado - como o Nugget, Saaz, entre outros - e ao processo de fervura do mosto. É muito comum em Bohemian Pilsens ou Pilsners, pela tradição de utilizar três variedades de lúpulo no estilo, sendo um deles - o Saaz - típico da República Tcheca;


*"queijo envelhecido" da Trappist Rochefort 8 - esse flavour é muito mais associado a um off-flavour e advém da utilização de lúpulos velhos ou mal armazenados, porém, em algumas cervejas, como as maravilhosas rocheforts, é um flavour de impacto. Só não me pergunte se esse flavour vem do envelhecimento proposital de lúpulo pelos monges trapistas da cervejaria.


O lúpulo é uma planta da qual a flor da fêmea é feita o pellet ou o extrato para utilização na cerveja. O macho só serve para reprodução, quanta exploração. É um elemento praticamente obrigatório na fabricação da cerveja, dando toda a personalidade amarga, floral, herbal e às vezes, frutada, amadeirada, entre outras, à mesma. Tamanha é a sua importância, que na lei de pureza alemã da Baviera de 1516, a Reiheitsgebot, é um dos 4 elementos permitidos no fabrico de cervejas que seguem as rígidas premissas de tal lei. É usada, além de sensorialmente, para conferir maior validade à cerveja devido aos seus efeitos bactericidas. A IPA, India Pale Ale, tem esse nome porque as cervejas que viajavam até a Índia precisavam de uma maior carga de lúpulo para aguentar as longas viagens desde a Inglaterra, bendito seja quem teve essa idéia!

Não vou falar de malte nesse post para não ter a chance de falar muitas coisas erradas num mesmo post e para a leitura não ficar cansativa, espero que seja divertido para vocês assim como foi para mim.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Uaiktoberfest

Fomos, eu, Polly e Ikona (Henrique) ao Uaiktoberfest, que ocorreu entre os dias 07 e 09 de outubro, na praça Bernardino de Lima, no centro de Nova Lima.

Fomos no domingo, chegando lá por volta de 13h. Confesso que fiquei um tanto frustrado na chegada, com muitas pessoas tomando brahma e skol da sorveteria anexa à praça e mais barracas de comida que de cerveja artesanal funcionando. Muita gente estava ali para um evento na praça e não para tomar cerveja artesanal, fora o "xou da xuxa" tocando a todo volume nesse momento do evento.

Mas, estávamos ali e começamos a beber o que tinha, na esperança de que aquilo melhorasse. Polly e Madeixa (outro apelido do Henrique) foram de Golden Ale da Krug, com o tradicional "grainy" das Áustrias aparecendo com força no chopp do evento. Essa cerveja eu gosto e assino embaixo, uma excelente Ale básica, pra mim, a melhor cerveja da categoria à qual ela se destina, a das "Pilsens" premium. Fui de Monasterium Olimpo, e fiquei triste de ver a moça que trabalhava no stand me servindo o chopp mais caro da festa sem qualquer instrução de como colocar espuma no copo. Para mim era uma versão diferente da Monasterium, que já bebi e aprovei - apesar do forte gosto de damasco e pêssego das Tripels que não me agradam tanto - mas o Olimpo é o sobrenome que essa cerveja ganha em sua versão chopp. A história desse sobrenome é legal, vem das meninas da CONFECE, que quando beberam tal cerveja falaram que era uma cerveja dos deuses e ela acabou batizada de Olimpo.

O Ikona passou para German Pilsen da Wals (acho que é o chopp X-Wals) com um perfil lupulado e portanto bem frutado (cada vez mais presente na X-Wals) sem perder a refrescância e drinkability da Pilsen. Polly foi de Backer Medieval, para mim, uma das melhores cervejas do evento. Espuma na medida, cor ruiva incrível, aroma e sabor de frutas vermelhas, fundo cítrico em meio ao dolce do malte e um levíssimo retrogosto lupulado. Uma Belgian Blond fina.

Aí a Kud apareceu e fomos todos beber uma deles. Polly e Madeixa foram de Tangerine e eu fui de Kashmir. A carbonatação não estava das melhores, mas acho que era porque a máquina tinha acabado de ser instalada. Eu, que nunca tinha provado a Witbier da Kud, vi uma das aparências mais bacanas de cerveja da minha vida: um turvor amarelo, meio alaranjado, irresistível! No aroma, muita citricidade, puxando pra laranja. No sabor, uma refrescância do trigo não maltado, trazendo uma leve nota de banana, com a citricidade da laranja (da adição da casca da fruta ao processo de fabricação) aparecendo do começo ao fim em cada gole. Não senti o coentro típico do estilo, mas confesso que não morro de amores com a sua presença - às vezes excessiva - na grande representante do estilo, a Hooegaarden. A minha Kashmir, que é a IPA da Kud, eu preciso mesmo comentar alguma coisa depois de ter falado aquelas três letrinhas, uma seguida da outra?

Nesse momento, já parecia um pouco mais um evento cervejeiro, com muita gente de chopps de várias cores na mão e alguns rostos familiares sendo encontrados, fora o rock do Zeppelin que agora era a trilha sonora. Mas, as brahmas nas mãos ainda me magoavam bastante, e elas aumentavam como pragas. Ikona foi de Piacenza Weiss de Jabuticada, e só posso dizer que eles não acertaram na mão e nem deviam ter levado essa cerveja para o evento, porque, infelizmente, ele estava ruim. Polly tomou uma JB Beer Pretinha que também deixou a desejar, estava com pouca carbonatação e quase nenhum corpo, mas dava pra sentir um fundo de qualidade ali, com notas de malte tostado BEM suaves no começo do gole.

Pedi uma Mozart Weiss e peguei uma German Pilsen pra Polly. A Weiss veio da garrafa, com uma bela espuma, carbonatação boa que foi se desvanecendo e uma acidez um pouco acima do que seria desejável. Uma boa cerveja, com notas bem cítricas e um cravo discreto no conjunto. A German Pilsen na pressão apresentou um dos cremes mais bacanas do evento, sendo, portanto, cremosa e bem refrescante, com notas de lúpulo BEM florais, uma bela supresa! Fui atrás do American Pilsen da Backer, da nova linha extreme deles, e não me arrependi! A cremosidade do chopp com o amargor potente do estilo - muito floral, um buquê de lúpulo na boca - me deixaram com um sorriso largo no rosto. Madeixa foi da Blackbird, para mim, a melhor da Kud, e claro que não decepcionou, com as notas de malte torrado num fundo potente amargo, não tão frutado e um tanto herbáceo, e agora com a espuma do jeito que deveria ser, colocando aquela camada de creme em cima do primeiro gole e se mantendo fina até os últimos goles. Queríamos fechar com a Smoke on the Water, mas ainda não estava rolando. Nossa grana já minguava e as filas começavam a ficar grandes demais.

Fechamos com a Amber da Áustria, com um leve H2S comprometendo o aroma, mas a suavidade da cerveja mostrava a sua popularidade entre os participantes. Para nós, que estávamos bebendo Kud, faltou o torrado aparecer mais, faltou amargor. Logo lembrando que esse é o objetivo da Krug e não que havia uma falha ou defeito ali, e, talvez se fosse uma primeira, pode ser que tivesse feito maior sucesso entre nós.

Fui embora feliz no final das contas, mas meu voto vai para a Praça dos Quatro Elementos, também em Nova Lima, onde ocorreu o Frei Tuck Biergarten e para mim foi o melhor local de eventos do tipo até hoje.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

On-flavours

Recebi ontem da minha querida namorada uma singela apostila com on e off-flavours de cervejas e foi despertada em mim uma vontade há muito adormecida, porém latente, de aprofundar nesse assunto. Aprofundei, um pouco, e resolvi compartilhar minhas descobertas com vocês. Não vou mexer com off-flavours, porque a Polly já é ninja nisso, sendo degustadora treinada da ambev, e quando eu conseguir sacar metade do que ela saca no assunto, talvez eu posso pensar em postar alguma coisa. MAS, confesso que eu quero buscar mesmo os on-flavours, o pouco que eu detecto de off é extremamente brochante, então prefiro me manter o mais leigo possível nesse assunto.

Vou citar aqui somente algumas das características que sempre associo a cervejas e dar nome aos apelidos. Espero que não fique maçante e que seja tão divertido para vocês descobrir essas coisas como foi pra mim!

Então, basicamente, quem comanda o mundo dos flavours desejáveis são as leveduras - Saccharomyces cerevisae, para as cervejas ales - e algumas das características associadas à sua ação são:

* "amanteigado" da Mistura Clássica Premium - o composto DIACETIL (ou 2,3-butanodiona) é produzido a partir de um precursor (alfa-acetolato, produzido a partir da síntese de aminoácidos pelas leveduras) produzido pelas leveduras durante a fermentação. O diacetil é mais vilão que amigo da cerveja, tanto que em cervejas com menor presença de maltes e maior presença de cereais não maltados (menor teor proteico na matéria prima), como a grande maioria das cervejas Lager,  existe uma conhecida tática chamada de "descanso do diacetil", onde esse precursor é reabsorvido pelas leveduras e são menores as chances desse flavour aparecer.



* "banana" da Weihensthephan - os ÉSTERES (ou acetato de isoamila) são responsáveis pelo delicioso sabor de banana característico das cervejas de trigo. Também são oriundos da fermentação do malte de trigo.



* "cravo" da Franziskaner - os FENÓIS (ou 4-vinil guaiacol) são responsáveis pelo exótico sabor de cravo e especiarias (outros elementos também estão associados a especiarias, mas não ao cravo em específico) de várias das cervejas de trigo, normalmente as mais top! Adivinha devido a quem e quando acontece o aparecimento desse flavour?


* "abacaxi em calda" da Infinium - outros ÉSTERES (nesse caso, butirato de etila) são responsáveis, pra mim, por um dos flavours mais espetaculares da cerveja, o de bala ou pirulito de abacaxi (ou abacaxi em calda). Só encontrei esse sabor em algumas poucas belgas e alemãs e semprem viram favoritas minhas! O interessante dessa flavour é que ele é impulsonado pela presença de ácido butírico, que normalmente é associado a condições desfavoráveis de higiene na fermentação. Bendito sejam os monges que não tinham como limpar as fermentadeiras tal qual é feito a sanitização hoje em dia e nos proporcionaram, assim, a descoberta desse maravilhoso flavour - proveniente da ação das nossas amigas Saccharomyces.


* "esmalte ou esparadrapo" da La Trappe Blond - os ACETALDEIDOS (ou acetato de etila) estão em cima do muro quanto a serem desejados ou não. São importantes para o equilíbrio de cervejas complexas e indicam uma fermentação elaborada e cuidadosa, mas, indicam também muito oxigênio (em cervejas engarrafadas) ou contaminação, quando em excesso.

* "maçã ou maçã verde" e "especiarias como o anis estrelado" - esse aroma (do HEXANOATO DE ETILA) eu nunca consegui perceber isoladamente ou destacá-lo, mas imagino que esteja associado à acidez leve e aos tons de condimento de várias cervejas, assim como aquele fundo de frutas quando a cerveja não tem adição das mesmas em sua receita. Se presente em excesso, torna a cerveja desagradável, então é um flavour bem sutil - resultante de complexas e meticulosas fermentações - pura magia!

Vou parar pora aqui, esses são os principais flavours (conhecidos por mim) associados à ação das leveduras. Espero não ter falado alguma bobagem! Num post futuro, falarei dos flavours associados à maturação, envelhecimento e a substâncias essenciais na produção de cerveja - como o lúpulo e o malte - e as manipulações desses para variar as receitas das cervejas.

domingo, 18 de setembro de 2011

Taberna do Vale Bierfest

Sábado agora, eu e Polly fomos para o evento. Ele foi realizado na Taberna do Vale, no Jardim Canadá, e foi legal também porque conheci  as instalações do lugar! O evento serviu cervejas tiradas na pressão e em garrafas dos associados da AcervA Mineira.

Chegamos pouco antes de meio dia, junto com grande parte dos primeiros participantes, que chegavam de Van. Cumprimentamos Aquaman e Ota e tivemos a agradável surpresa de encontrar a Ana Bacana trabalhando de promoter!

Entramos para os fundos da casa, onde ocorria o evento e alguns dos cervejeiros ainda nem tinham chegado. Fazia um frio europeu, dando mais ar de Bierfest ao evento! Começamos com uma das melhores cervejas do evento, a OLA Goiabale chopp, da cervejaria artesanal do Ota, Lucas e o Bode (Alfredo), o cidadão que representa a letra A e que é muito gente boa, por sinal! Esse chopp é um Brown Porter muitíssimo bem harmonizado com a goiaba (eu senti goiaba mesmo e não goiabada ou qualquer outra essência relacionada à fruta) e foi uma das cervejas com melhor corpo, carbonatação e personalidade do evento. Podem escrever aí que essa rapaziada não demora para estar sendo vendida nas lojas de artesanais de BH e fazendo sucesso. Fora que o rótulo criado pelo designer Gustavo Ceccato, amigo da turma, ficou muito bacana, dando o ar de cerveja de verdade (e não de fundo de quintal) que a mesma merece! Perto de ir embora, o comentário geral era que essa cerveja era a melhor do evento, e com devido merecimento!
Não vou divagar sobre todas as cervejas que bebi, porque o estilo Pale Ale foi recorrente entre os muitos participantes do evento e poucas cervejas apresentaram grande inovação ou personalidade como a Goiabale, apesar de que eu devo ter provado apenas 2/3 das cervejas, então devo ter perdido muita coisa boa, ou não (pelo menos assim espero, hehehehe).

Outra cerveja que não pode deixar de ser mencionada é a do Patrus e da Lela, da Grimor, a Herb Beer intitulada Nº 21. Conversamos muito sobre cervejas com os simpatissísimos cervejeiros, combinamos visitas e futuras degustações, que espero que não tenham ficado só na conversa. Agora falando sobre o que interessa, a cerveja, adicionada por técnica semelhante à de late hopping (conforme informado pelo Patrus) de pétalas ressecadas de rosas e hibisco, tem a grande personalidade de uma IPA herbada, mas sem forte retrogosto e sem IBU alto, porque essa sensação vem das ervas! Essa LAGER (sim, Lager!) é refrescante e ao mesmo tempo ilusoriamente (por falta de melhor palavra) encorpada. Acho que eu repeti essa cerveja umas duas vezes. Junto com a Goiabale, na minha opinião, estavam muito à frente tecnologicamente e teoricamente das outras cervejarias. Bons modelos pro resto do pessoal da AcervA Mineira seguir!

Comparada com o Frei Tuck Bierfest, que também tinha muita gente da associação, achei todo mundo mais profissional dessa vez, com cervejas apresentando significativa melhora em relação ao corpo e carbonatação, assim como rotulagens bem feitas, dando ar de profissionais a essas emergentes artesanais. Só faltou, como disse, em algumas das cervejas, mais personalidade, para que se destaquem do que já existe no mercado.

Outra que me marcou bem também foi a IPA da Indenpendente, com seus 47 IBUS, uma verdadeira IPA em forma de chopp, com toda a potência de um lúpulo bem inserido numa cerveja. A Old Ale da Old Rock também mostrou uma cervejaria comprometida com algo diferente, com aromas e sabores mais desenvolvidos, imprimidos em uma personalidade amarga e licorosa, remetendo a qualquer coisa entre as boas inglesas de guarda e as belgas quadruppels.

Por volta de 13 e 30, já havia uma fila enorme para comprar cerveja, o lugar estava ficando muito cheio, confirmando a importância que as artesanais estão adquirindo em Minas Gerais e no Brasil. Resolvemos ir embora porque ainda tinha que encarar a volta e os bolsos já pediam arrego. Fizemos um pit stop na lojinha da Taberna, comprando uma taça pra mim, 2 cervejas pra nós e um souvenir para nosso amigo Ikona, que não pode ir.

Agora, é só esperar pelo Uaiktoberfest! Que delícia!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

3a e última parte!


Fechei a sequência de comemorações do meu aniversário no já conhecido e falado aqui Artesanato da Cerveja.

Chegamos por volta de 19 e 40, eu, Polly, Pai, Mãe, Bola e Joana. Demos sorte e conseguimos uma mesa grande, porque o lugar estava incrivelmente cheio. Começamos com uma Brooklyn Local 1, uma Belgian Strong Ale e sendo da Brooklyn, não tinha como ser ruim né? A semelhança com a Trippel desse estilo não me agrada tanto, apesar de ser normalmente um pouco mais forte e um pouco menos adocicada e condimentada. Tomamos Heinekens e Serras Malte enquanto o resto do pessoal ia chegando: Madeixa, Flor, Humberto, Vivi, Bitoca, Carina e Gabi. Experimentei a Paulistânia Dunkel e me surpreendi, tem um dulçor do malte bem equilibrado com as notas de torrado e o precinho é amigão. Polly pediu uma Demoseille da Colorado, continuando a experiência do café bem inserindo numa breja com um fundo de chocolate amargo delicioso. 


Marco, Xan, Letícia, Marcos e Dekão chegaram. Xan pediu uma sugestão e levou uma Urweisse, provando todo o sabor que uma cerveja de trigo deve ter. Sabinho chegou. Junto com ele a turma da vet: Luigi, Cecília, Pu, Minhoca, Bethânia, Nemo e Manel. Tomei uma Meantime Smoked Bock, reunindo 2 estilos que gosto bastante, o bom excesso adocicado do malte da Bock com a fumaça da Rauchbier, dando um resultado espetacular. Enquanto isso Polly bebia uma Dubbel La Trappe, com saudade da última degustação. Pu e Minhoca foram de Pilsner Urquell, conhecendo a origem da cerveja Pilsen e passaram para Schneider Weiss Tap 7, uma cerveja de trigo de primeira linha. Passei para uma Duvel, em parte para lembrar do gosto e em parte para meu amigo Ikona experimentar essa cerveja que ele sempre quis tomar. 


A turma da arquitetura (Fred, Dinho e Mika) e o Alvim chegaram e encararam algumas lagers e pilsens. Bebi a Weizenbock Aventinus Eisbock, uma estupenda surpresa de trigo, bem licorosa com malte pronunciado e um álcool potente, pois sua produção concentra os elementos dessa cerveja e tornam seus sabores e aromas muito mais pronunciados e, para mim, gostosos. O pessoal da veterinária foi de Caium e de Indica da Colorado. Pu e Minhoca tomaram a Wexford Irish Cream Ale, uma cerveja, como o título diz: cremosa. Usa a técnica das latas inglesas de manter uma esfera dentro para manter a cremosidade da espuma e simular uma draft, ou, cerveja tirada na pressão. Carina me pediu uma dica de uma bela de trigo e gostou da Paulaner Naturtrub que a recomendei.


Ganhei da Vivi e do Humberto, um abridor de garrafas estilizado. Ganhei do Madeixa e da Flor uma Maredous Dubbel que estou doido para beber e uma Kwak que sempre tive muita vontade de tomar. Gabi, Letícia, Marcos, Xan e Marco me deram uma Ithaca da Colorado, que vou tentar guardar o máximo de tempo que puder para que amadureça do melhor jeito possível. Pu e Minhoca me deram um copo bacana da Super Bock e Cecília, Nemo e Bethânia me deram um da Schneider Weiss. 

Os fiéis participantes de todas as comemorações ganharam um brinde: Polly ganhou uma taça da La Trappe e Madeixa ganhou um pint da Fuller's London Pride.
E foi isso! Muito obrigado a todos os que participaram de um, dois ou três eventos! Eu curti muito e espero que tenham curtido também. Agora vou entrar num período sabático, indo só em eventos cervejeiros ou bebendo especiais quando convidado for. Mas é só até novembro, para meu corpo dar um respiro, que desde julho a coisa tem sido intensa pro meu fígado, diâmetro e bolso.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Segunda parte da comemoração do meu aniversário

E ontem foi a segunda parte da comemoração. Íamos inicialmente ao ByFrangos e após descobrir que não abririam  no feriado, resolvi ir para o Rima dos Sabores.

O Rima começa agradando pelo ambiente, situado numa antiga casa do Prado, na rua Esmeralda, 522, tem a decoração com a temática da cerveja e de carnes exóticas super bacana e pode entreter um curioso por um bom tempo. Fora que a varandinha com exclusivos lugares, tem um vento refrescante e é um ótimo lugar para ficar a 2 ou a quatro.

Eu e Polly chegamos quase na abertura da casa, 18 e 20, pegando os garçons de surpresa. Começamos com o delicioso Red Baron da Falke, um chopp Vienna Lager pra lá de bom. Passei para o Vilã Odete Roitman e me decepcionei com o baixo corpo e falta de amargor para um IPA enquanto Polly deliciava um chopp Carolweiss da Taberna do Vale. Dekão e Elisa chegaram quase juntos com a Gaby, Lulis e André. Como foram muitas pessoas e eu bebi muito mais (a amnésia certamente será maior hoje), vou descrever aqui somente a chegada das pessoas e as minhas cervejas.

Passamos para o lado de dentro da casa, porque na mesinha da área externa já não cabíamos. Chegaram tio Augusto, Cristina, Dani, Marquinhos, Artur, Bruno e Maíra. Bebi uma Taberna Brown Ale, que Elisa sentiu um forte sabor de morango associado ao caramelo e torrado do malte, e eu fui na onda dela, gostei da breja (tomei um dos últimos exemplares que tinha na casa). Passei para o Villa Rica da Falke (como as garrafas eram de 500, normalmente eu e Polly estávamos sempre na mesma sintonia) que é uma delícia de café com chocolate, mas acho que já comentei dele aqui. 


Chegaram Feijão, Marcela, Dudu, Ana, Madeixa, Flor, Lelê, Brunão, Pu, Minhoca, Cecília, Bethânia e Christõvão (isso tudo ocorreu em menos de uma hora) e a grande mesa dos fundos do bar estava lotada. Muitas comidas exóticas foram pedidas, entre pastéis de jacaré e rã, cubinhos de avestruz com molhos ousados e até uma sobremesa de feijoada, que era um sorvete com elementos doces imitando com perfeição um prato de feijoada. Tomei nesse momento uma Abbot Ale, uma ESB (extra special bitter) que começou bem branda e sem nada de mais e, à medida que esquentou no copo, abriu um buquê muito floral e apresentou um amargor lupulado extremamente agradável.


Chegou Gerinha e os Borges mudaram de mesa porque a turma não cabia mais numa mesa só (apesar da mesa ser da grande) o que foi uma pena que deu uma separada, ainda que pequena, na turma. Tomei um Blackbird da Kud, que foi engatado enquanto estávamos lá e finalmente tomei uma IPA que eu estava procurando, com uma forte presença de um lúpulo frutado bem inserido num café amargo. Mais um orgulho mineiro, os chopps da Kud são muito bons! Polly foi de Pilsen da Falke e gostou, mas asssim como eu, é mais o Red Baron e notou um sabor um pouco excessivo de grão na cerveja que acreditou ser indesejável.

Pedimos a Banana Bread da Wells, uma cerveja diferente de tudo que já tomei. A garrafa transparente exibe aquele líquido com forte cheiro de doce de banana e na boca, a bala de banana é evidente, inserida numa cerveja bem refrescante (não achei o seu suposto amargor). Uma delícia, mas daquelas que só se toma uma na noite e sente aquele saborzinho bom para quebrar o de outros estilos. Seguimos para a Dubbel da Tabera do Vale, uma das últimas garrafas da casa também. Achei boa a cerveja, com elementos de baunilha, muita carbonatação e um quê de malte torrado, mas não achei nada de Dubbel na cerveja.


O pessoal começou a ir embora e fechamos com 2 Heinekens de saidera e ganhei de presente da casa uma Young's Chocolate Stout, que já comentei aqui no blog o tanto que gostei dessa. Achei a versão de ontem, na lata, um pouco mais amarga que a versão na garrafa, que eu preferi por ser mais chocolatada, mas ambas são ótimas e uma excelência em Chocolate Stout! Nessa saidera, pedi um joelho da amor que é um joelho de porco no molho barbecue e, sendo um joelho de porco, não precisa de muito mais elogios né? Ganhei um copo de Paulistânia da minha linda namorada e fomos embora, contentes e um pouco ébrios pra casa.

Polly acabaou de acordar e me lembrou de algumas escolhas da turma, que resolvi acrescentar agora no finalzinho do post se não teria de reescrever ele todo. Dani tomou o defumadasso Smoke on the Water da Kud. A turma da vet tomou toda a linha Colorado. Bruno, é claro, tomou alguns chopps Red Baron, amante do estilo Vienna Lager que é. A peludagem ficou mais na Paulistânia e X-Wals e os Borges mais na Original. Dekão e Elisa experimentaram algumas de chocolate ou trigo, ora Falke, ora Colorado. Os que não bebem também se divertiram com refrigerantes exóticos, como o rosa choque Jesus de São Luís, o Grapete original que vem numa garrafinha de água, a Cajuína que é um suco muito doce de caju e o mega adocicado Artemis de Guaraná, entre outros.

Mais uma vez agradeço a presença de todos! E que venha a comemoração final! Fiquei muito feliz com a presença da turma e é uma pena que muitos me informaram que acabaram indo ontem porque não poderão ir na sexta, então que bom que fiz mais de uma comemoração, porque faço questão da presença de todos que afirmaram isso ontem e seria ruim não comemorar meu niver com estes!


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Comemoração do meus 26 anos (parte 1 de 3)



Esse ano resolvi no meu aniversário - adivinha? - degustando cervejas! Esse post é a primeira parte da comemoração, que ocorreu na segunda-feira, 06-09-2011. Foi a primeira de 3 e pretendo postar todas aqui!

Fui ao Reduto da Cerveja, na Álvares Cabral com Curitiba, situado ali no Lourdes. Cheguei pouco antes das 8 da noite com a Polly e encontramos meu amigo Ikona nos esperando, tomando a já comentada aqui Estrada Real da Falke Bier, uma IPA escura da boa. Comecei meu trabalho tomando uma das exclusividas da casa, a Punk IPA da Brew Dog, a primeira IPA refrescante que tomei! O maracujá sempre comentando na degustação dessa cerveja foi percebida e o elevado IBU (que remete ao grau de amargor da cerveja de acordo com a quantidade de lúpulo utilizado) marcou presença com harmonia. Notas cítricas e de outras frutas em menor escala também foram notadas, repetiria essa cerveja com muito prazer! Polly foi de Delirium Nocturnum, também já comentada aqui.



Bruno e Maíra chegaram em seguida e o Bruno, amante de Vienna Lager como eu, pediu logo a Brooklyn Lager para matar a sua vontade de tomar uma do estilo, que vinha crescendo desde o dia em que bebeu um Red Baron da Falke. Maíra ficou com a Pilsner, outra delícia já elogiada nesse blog. 

Luquinhas e Mariana chegaram, trocamos de mesa. Pedi uma Delirium Noel, com aquela presença de pirulito de abacaxi (baunilha pra outros) que eu tanto amo nas belgas! Tinha também toques citricos presentes e muito bem inseridos. O Madeixa (Ikona) ao beber, descreveu o que acho que a Delirium queria com essa breja: "me lembrou demais um panetone". Apresentei a Weiss com Capim Limão e a Imperial Porter maturada em barril de cachaça para os recém-chegados, e essa linha da Backer denominada Extreme tem tudo para pegar (e vem com um custo arrebatador)!  Madeixa e Polly foram de La Trappe quadruppel. Gabi chegou e pediu mais uma pilsner da Brooklyn, pois não é muito fã de cervejas diferentes e foi mais para honrar meu aniversário, coisa que me deixou especialmente feliz!


Bitoca e Bolha marcaram presença e um tiragosto foi pedido no bar ao lado. Eu não comi, mas pelo que entendi, foi meio caro demais e meio mal servido demais, mas como o Reduto não tem uma grande carta de tira gosto, tem que ser por aí mesmo. Beberam uma Falke Weiss sob minha recomendação e gostaram. Luquinhas e Mary entraram na muito boa Colorado Appia de trigo com adição de mel e como normalmente ocorre com as Colorados, apaixonaram! Bruno experimentou uma Lager jamaicana que de interessante só tem o jamaicana. Eu tomei o chopp Trippel da Falke e caminho, cada vez mais, para a afirmação de que Trippel não é definitivamente meu estilo preferido.

Gera, Juliana, Guto, Zé Pinto e Ori chegaram no bonde do Borgão! Tomaram uma clássica Pilsen alemã, porque é desse estilo que o Gerita gosta. Polly foi de Vitus, a Weizenbock clara de trigo, com muito cravo e um dulçor bem único, uma favorita minha, sem dúvida! Bruno foi de Primator 13%, que não conhecia e não entendi, pois é uma Vienna Lager com notas evidentes deste malte e de malte torrado também! Com ajuda do site do brejas, descobri que essa cerveja foi feita com a intenção de engarrafar a idéia do chopp carioca, famoso aqui no Brasil e pelo visto, no mundo. Gerinha pedia mais uma Pilsen alemã classicona, com lúpulo pronunciado e nada de cereal não maltado. Maíra tomou uma Bamberg Pilsen, que é boa, mas só boa. Apresentei ao Madeixa a Bamberg Rauchbier, que é aquela loucura da fumaça líquida e que estava com um preço espetacular: 10 reais a de 600 mL. Enquanto isso, Polly apresentava a todos a Golden Ale da Austria, que veio pra ficar, com notas de malte e um frutado sutil, talvez de lúpulo, sendo, para mim,  disparado o melhor custo benefício de cervejas para se beber casualmente.

Fechei a noite comprando o copo da Punk IPA e uma Harviestoun Old Engine Oil, que como o Marco do Artesanato diz, essa cervejaria é ótima porque ela já te diz exatamente o que você vai beber, nesse caso: viscosa, achocolatada e amarga, sem tirar nem pôr, hehehe. Fora que na ora que você a serve, entende claramente porque tem o nome de Oléo Velho de Motor. MUITO BOA! 


E que venham as próximas comemorações!

Muito obrigado a todos os presentes, adorei mesmo a presença de vocês! Ouvi dizer que quem for nas 3 vai ganhar um brinde, será?






quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Degustação La Trappe



Ainda com o gostinho de ressaca e saudade da degustação de ontem, descreverei agora a excelente degustação de toda a linha de cervejas trapitas da holandesa La Trappe.

Os presentes eram: eu, Polly, Deko, Nemo, Bruno, Marina (minha mãe), Francisco (meu pai), Gaúcho (pai do Cristóvão, que foi também mas não bebeu, só fotografou), Cris (minha sogra), Humberto (Aquaman), Stephanie (Aquawoman) e Birigui. Fora os comandantes Pablo e Marco (Totonho), donos do Artesanato da Cerveja e regentes da degustação (com uma ajudinha minha, hehehe).

Começamos com uma apresentação, um brinde e a Witte, a cerveja de trigo trapista, muito refrescante e saborosa, com notas claras de coentro (pra mim) e de casca de laranja ou fruta cítrica. O grande diferencial aqui é, quando comparado com outras Witbiers, essa é mais suave e tem a presença mais acentuada das notas aromáticas do trigo: banana e cravo. Mas fiquei com aquela sensação de se vale a pena o preço que a cerveja cobra, mas repetiria a dose sem pestanejar.

Passamos para a Blond, que é uma senhora Belgian Strong Ale! As especiarias se fazem muito presentes nessa cerveja e fica aquele famoso gosto doce e amargo na boca a cada gole, típico das belgas desse estilo. Minha especialista namorada (ó o namorado coruja!) nos atentou para o forte aroma de esmalte e esparadrapo que emanava da cerveja e conquistou todo mundo. Aprofundando os porquês disso, aprendemos que a fermentação alta (a temperaturas mais elevadas e com o lêvedo na parte superior do mosto) gera esses flavors ou aromas.

Seguimos para a Dubbel, que foi uma das minhas prediletas. Aqui o aroma de caramelo apareceu para todo mundo, cada um fazendo a sua associação: calda de pudim para uns, rapadura pra outros. Alguns (como eu) também sentiram a típica ameixa (ou qualquer outra fruta escura em compota ou passa) das Belgian Dark Strong Ales. Essa cerveja eu recomendo demais, mas estou vendo cada vez mais que tenho um fraco pelo estilo. Aprendi, ao discutirmos sobre as garrafas diferenciadas das trapitas, que as rolhas das suas garrafas, ao contrário do eu que pensava, são só um charme a mais para a cerveja e não para conter o gás, como no espumante.

Aí veio a Trippel, que não é dos meus estilos favoritos, talvez pelo tanto de especiarias que normalmente essas cervejas levam. Boa parte do grupo achou essa melhor que a Dubbel, por ser mais suave, menos enjoativa e com o doce na medida. Foi interessante percebermos que, à medida que cada gole era tomado, o álcool ia aparecendo igual um dragão cuspindo fogo do copo, quase desiquilibrando o conjunto, como é falado por aí dessa cerveja. Eu e mais alguns outros presentes sentimos também um sal bem presente no final do gole, tornando a golada mais complexa ainda.

Daqui pra frente, a coisa começou a ficar séria, hehehehe, pois, a cada nova cerveja servida, esta se tornava imediatamente a favorita da maioria.

Veio a Isid’or, em homenagem ao primeiro mestre cervejeiro da La Trappe e criada com um tom beneficente, para ajudar na construção de novos mosteiros na África por conta de guerras civis e outros problemas. Uma Pale Ale trapista, quem diria, lúpulo herbado e frutado, delicioso, com o gosto de ameixa (uva passa, banana passa) bem presente, lembrando-nos que estávamos bebendo uma trapista. Uma experiência muito boa!

A turma aqui já estava ficando animada! As explicações já não precisavam ser dadas, as harmonizações viraram tira gosto e o papo começou a rolar solto. O estilo que veio foi um dos meus prediletos, Bock, e sendo uma bock trapista, não podia decepcionar. Mais um brinde foi feito depois da minha explicação do porque do nome do estilo. E desceu goela abaixo aquela horda de malte (dentre eles malte torrado, coisa que eu não sabia) com uma explosão de doçura típica do malte, com aquele licor de cevada sendo construído na boca. Não decepcionou.

Fechamos a noite com a melhor da noite! Quadruppel e Quadruppel Oak Aged, uma do lado da outra. A Quadruppel é tudo que eu falei da Dubbel só que muita mais bem inserido, equilibrado e suavizado. Uma cerveja de beber de joelhos, cheia de aromas e sabores (caramelo, ameixa, notas de torrado) sem nenhum deles se sobrepor! O tanto de álcool da cerveja passa batido, tranquiiilo. A Oak Aged é um capítulo à parte, com as notas de madeira aparecendo tão bem inseridas como qualquer outro elemento e deixando nossa cabeça confusa de como aquele final com whisky apareceu ali, outra para beber de joelhos, deitado, dentro de um buraco, hehehe.

Não posso me esquecer de falar das harmonizações, todas com queijos e devido à complexidade das trapistas, quase sempre encontrávamos semelhança e contraste para cada um dos queijos oferecidos. Ressalto o Gorgonzola com a Dubbel, que foi uma guerra de sabores muito boa de ser testemunhada na boca e o Gruyere com a Blond, que harmonizou muito bem por semelhança. Mas cada um teve o seu predileto, entre Gouda para a Isid’or e Brie com Damasco para a Trippel.

Não posso esquecer também da pós degustação, que se o Marco não tivesse brilhantemente nos podado, acho que teríamos bebido a loja inteira. Não consegui tirar da cabeça a Brooklyn Black Chocolate Stout, a Imperial Stout da Brooklyn, que é chocolate amargo puro com notas de lúpulo muito bem inseridas, uma das melhores cervejas que já bebi. Bebemos London Porter da Fuller, X-Wals da Walls (que a Polly adora), Brooklyn Monster Ale (barley de responsa, mas a sobrecarga da degustação não me permitiu apreciar muito o malte tão típico desse estilo, me remetendo mais a uma IPA), Bamberg Rauchbier (linguiça defumada líquida, uma psicodelia) e fechamos a noite com uma Strong Suffolk, que também era muito boa, com notas de café e chocolate em meio a um malte muito presente e mais um elemento meio agridoce, meio avinagrado muito curioso (mas nem sei se era essa cerveja mesmo).

Agradeço a todos pela presença e mês que vem tem mais, a idéia é dar um passeio pelas outras trapistas, só que da Bélgica.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Degustação Geraldo Borges!



O título dessa degustação é uma homenagem ao meu "padrinho" Gerinha, que serviu muita cerveja boa do artesanato da cerveja para os presentes na comemoração da obtenção do meu título de Mestre no dia 04-08-2011.

Começamos bebendo a nova Weiss da Falke e, como as outras cervejas dessa maravilhosa representante mineira, acertaram na fórmula! Percebe-se um lúpulo um pouco mais evidente que em outras boas cervejas de trigo, mas aqui ele não comprometeu e sim promoveu o sabor! Senti também um adocicado mais pronunciado aqui, não só associado aos típicos sabores de banana e cravo, mas alguma nota de rapadura ou algum outro componente bem adocicado adicionado à fórmula ou oriundo de uma fermentação diferenciada.

Passamos então para a Licher Weizen e não é exagero quando se vê por aí que ela é, se não a melhor, uma das melhores cervejas de trigo do mundo. Uma suavidade com riqueza de sabor! Tem as notas típicas de sabor e aroma da Weiss, mas não pude deixar de lembrar da Infinium e o seu gosto de pirulito de abacaxi (andei pesquisando e parece que essa nota é de baunilha, para grande parte dos degustadores) no final do gole, tornando cada golada mais gostosa ainda.



Depois bebemos uma delirante, a Delirium tremens, a outra do elefantinho rosa. Uma Belgian Strong Ale deliciosa. Associei seus sabores imediatamente aos sabores da Hoegaarden, com sabores cítrico e de coentro evidentes , porém com mais personalidade e com menos intenção de ser refrescante como uma witbier. Gostinho bom esse da bélgica, hehehe!



Esse post vai ser gigante, porque vou falar também da degustação que rolou depois, na qual eu, Bruno e Nemo, empolgados com as variedades e com a conversa com o Marco (um dos donos do artesanato da cerveja), fomos bebendo uma atrás da outra até que as luzes do shopping woods se apagaram, todos os outros bares fecharam e percebemos que, além de um rombo no bolso, estava na hora de irmos embora porque era apenas quarta-feira.

Começamos com a Indica, da Colorado, para mim, a melhor India Pale Ale que existe. Tem um lúpulo muito pronunciado, mas pouco agressivo, provavelmente pelo excelente equilíbrio feito através da adição de rapadura à fórmula. É sempre um enorme prazer beber essa cerveja, ainda mais quando estou apresentando-a a outras pessoas.



Passamos pra outra novidade da Falke, a Villa Rica, uma delícia, lembrando a ótima fórmula da Ouro Preto porém com um chocolate muito pronunciado e muito bem colocado. Fiquei admirado com essa cerveja, o único problema dela é que tem chocolate demais na fórmula para uma Dry Stout, para mim ela é uma Porter, uma senhora Porter!

Nos decepcionamos com a suavidade de uma Guiness tomada na sequência e, pedindo uma sugestão do Marco para fecharmos a noite, ele nos ofereceu uma (que minha amnésia alcóolica não permite lembrar o nome) com o gosto só de chocolate, quase sem notas de café, outra grande delícia que fechou, com chave de ouro, a degustação de três escuras com notas variadas de café e chocolate (da turma das Porter e Stout).

O Bruno, não querendo acabar a noite, pediu uma cerveja que atrai muita gente, a Honey Dew, uma cerveja orgânica com mel. Muito refrescante, me lembrando a minha infância comendo cereal com mel, que foi exatamente o gosto que senti nessa cerveja. Tentei sem muito sucesso convencer os outros bebedores dessa teoria e não obtive muito sucesso, hehehe.

Pra acabar o dia com perfeição tinha uma DeuS (uma DeuS!) de presente para mim no meu quarto, é muita alegria pruma noite só, carai!