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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Degustação La Trappe



Ainda com o gostinho de ressaca e saudade da degustação de ontem, descreverei agora a excelente degustação de toda a linha de cervejas trapitas da holandesa La Trappe.

Os presentes eram: eu, Polly, Deko, Nemo, Bruno, Marina (minha mãe), Francisco (meu pai), Gaúcho (pai do Cristóvão, que foi também mas não bebeu, só fotografou), Cris (minha sogra), Humberto (Aquaman), Stephanie (Aquawoman) e Birigui. Fora os comandantes Pablo e Marco (Totonho), donos do Artesanato da Cerveja e regentes da degustação (com uma ajudinha minha, hehehe).

Começamos com uma apresentação, um brinde e a Witte, a cerveja de trigo trapista, muito refrescante e saborosa, com notas claras de coentro (pra mim) e de casca de laranja ou fruta cítrica. O grande diferencial aqui é, quando comparado com outras Witbiers, essa é mais suave e tem a presença mais acentuada das notas aromáticas do trigo: banana e cravo. Mas fiquei com aquela sensação de se vale a pena o preço que a cerveja cobra, mas repetiria a dose sem pestanejar.

Passamos para a Blond, que é uma senhora Belgian Strong Ale! As especiarias se fazem muito presentes nessa cerveja e fica aquele famoso gosto doce e amargo na boca a cada gole, típico das belgas desse estilo. Minha especialista namorada (ó o namorado coruja!) nos atentou para o forte aroma de esmalte e esparadrapo que emanava da cerveja e conquistou todo mundo. Aprofundando os porquês disso, aprendemos que a fermentação alta (a temperaturas mais elevadas e com o lêvedo na parte superior do mosto) gera esses flavors ou aromas.

Seguimos para a Dubbel, que foi uma das minhas prediletas. Aqui o aroma de caramelo apareceu para todo mundo, cada um fazendo a sua associação: calda de pudim para uns, rapadura pra outros. Alguns (como eu) também sentiram a típica ameixa (ou qualquer outra fruta escura em compota ou passa) das Belgian Dark Strong Ales. Essa cerveja eu recomendo demais, mas estou vendo cada vez mais que tenho um fraco pelo estilo. Aprendi, ao discutirmos sobre as garrafas diferenciadas das trapitas, que as rolhas das suas garrafas, ao contrário do eu que pensava, são só um charme a mais para a cerveja e não para conter o gás, como no espumante.

Aí veio a Trippel, que não é dos meus estilos favoritos, talvez pelo tanto de especiarias que normalmente essas cervejas levam. Boa parte do grupo achou essa melhor que a Dubbel, por ser mais suave, menos enjoativa e com o doce na medida. Foi interessante percebermos que, à medida que cada gole era tomado, o álcool ia aparecendo igual um dragão cuspindo fogo do copo, quase desiquilibrando o conjunto, como é falado por aí dessa cerveja. Eu e mais alguns outros presentes sentimos também um sal bem presente no final do gole, tornando a golada mais complexa ainda.

Daqui pra frente, a coisa começou a ficar séria, hehehehe, pois, a cada nova cerveja servida, esta se tornava imediatamente a favorita da maioria.

Veio a Isid’or, em homenagem ao primeiro mestre cervejeiro da La Trappe e criada com um tom beneficente, para ajudar na construção de novos mosteiros na África por conta de guerras civis e outros problemas. Uma Pale Ale trapista, quem diria, lúpulo herbado e frutado, delicioso, com o gosto de ameixa (uva passa, banana passa) bem presente, lembrando-nos que estávamos bebendo uma trapista. Uma experiência muito boa!

A turma aqui já estava ficando animada! As explicações já não precisavam ser dadas, as harmonizações viraram tira gosto e o papo começou a rolar solto. O estilo que veio foi um dos meus prediletos, Bock, e sendo uma bock trapista, não podia decepcionar. Mais um brinde foi feito depois da minha explicação do porque do nome do estilo. E desceu goela abaixo aquela horda de malte (dentre eles malte torrado, coisa que eu não sabia) com uma explosão de doçura típica do malte, com aquele licor de cevada sendo construído na boca. Não decepcionou.

Fechamos a noite com a melhor da noite! Quadruppel e Quadruppel Oak Aged, uma do lado da outra. A Quadruppel é tudo que eu falei da Dubbel só que muita mais bem inserido, equilibrado e suavizado. Uma cerveja de beber de joelhos, cheia de aromas e sabores (caramelo, ameixa, notas de torrado) sem nenhum deles se sobrepor! O tanto de álcool da cerveja passa batido, tranquiiilo. A Oak Aged é um capítulo à parte, com as notas de madeira aparecendo tão bem inseridas como qualquer outro elemento e deixando nossa cabeça confusa de como aquele final com whisky apareceu ali, outra para beber de joelhos, deitado, dentro de um buraco, hehehe.

Não posso me esquecer de falar das harmonizações, todas com queijos e devido à complexidade das trapistas, quase sempre encontrávamos semelhança e contraste para cada um dos queijos oferecidos. Ressalto o Gorgonzola com a Dubbel, que foi uma guerra de sabores muito boa de ser testemunhada na boca e o Gruyere com a Blond, que harmonizou muito bem por semelhança. Mas cada um teve o seu predileto, entre Gouda para a Isid’or e Brie com Damasco para a Trippel.

Não posso esquecer também da pós degustação, que se o Marco não tivesse brilhantemente nos podado, acho que teríamos bebido a loja inteira. Não consegui tirar da cabeça a Brooklyn Black Chocolate Stout, a Imperial Stout da Brooklyn, que é chocolate amargo puro com notas de lúpulo muito bem inseridas, uma das melhores cervejas que já bebi. Bebemos London Porter da Fuller, X-Wals da Walls (que a Polly adora), Brooklyn Monster Ale (barley de responsa, mas a sobrecarga da degustação não me permitiu apreciar muito o malte tão típico desse estilo, me remetendo mais a uma IPA), Bamberg Rauchbier (linguiça defumada líquida, uma psicodelia) e fechamos a noite com uma Strong Suffolk, que também era muito boa, com notas de café e chocolate em meio a um malte muito presente e mais um elemento meio agridoce, meio avinagrado muito curioso (mas nem sei se era essa cerveja mesmo).

Agradeço a todos pela presença e mês que vem tem mais, a idéia é dar um passeio pelas outras trapistas, só que da Bélgica.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Degustação Geraldo Borges!



O título dessa degustação é uma homenagem ao meu "padrinho" Gerinha, que serviu muita cerveja boa do artesanato da cerveja para os presentes na comemoração da obtenção do meu título de Mestre no dia 04-08-2011.

Começamos bebendo a nova Weiss da Falke e, como as outras cervejas dessa maravilhosa representante mineira, acertaram na fórmula! Percebe-se um lúpulo um pouco mais evidente que em outras boas cervejas de trigo, mas aqui ele não comprometeu e sim promoveu o sabor! Senti também um adocicado mais pronunciado aqui, não só associado aos típicos sabores de banana e cravo, mas alguma nota de rapadura ou algum outro componente bem adocicado adicionado à fórmula ou oriundo de uma fermentação diferenciada.

Passamos então para a Licher Weizen e não é exagero quando se vê por aí que ela é, se não a melhor, uma das melhores cervejas de trigo do mundo. Uma suavidade com riqueza de sabor! Tem as notas típicas de sabor e aroma da Weiss, mas não pude deixar de lembrar da Infinium e o seu gosto de pirulito de abacaxi (andei pesquisando e parece que essa nota é de baunilha, para grande parte dos degustadores) no final do gole, tornando cada golada mais gostosa ainda.



Depois bebemos uma delirante, a Delirium tremens, a outra do elefantinho rosa. Uma Belgian Strong Ale deliciosa. Associei seus sabores imediatamente aos sabores da Hoegaarden, com sabores cítrico e de coentro evidentes , porém com mais personalidade e com menos intenção de ser refrescante como uma witbier. Gostinho bom esse da bélgica, hehehe!



Esse post vai ser gigante, porque vou falar também da degustação que rolou depois, na qual eu, Bruno e Nemo, empolgados com as variedades e com a conversa com o Marco (um dos donos do artesanato da cerveja), fomos bebendo uma atrás da outra até que as luzes do shopping woods se apagaram, todos os outros bares fecharam e percebemos que, além de um rombo no bolso, estava na hora de irmos embora porque era apenas quarta-feira.

Começamos com a Indica, da Colorado, para mim, a melhor India Pale Ale que existe. Tem um lúpulo muito pronunciado, mas pouco agressivo, provavelmente pelo excelente equilíbrio feito através da adição de rapadura à fórmula. É sempre um enorme prazer beber essa cerveja, ainda mais quando estou apresentando-a a outras pessoas.



Passamos pra outra novidade da Falke, a Villa Rica, uma delícia, lembrando a ótima fórmula da Ouro Preto porém com um chocolate muito pronunciado e muito bem colocado. Fiquei admirado com essa cerveja, o único problema dela é que tem chocolate demais na fórmula para uma Dry Stout, para mim ela é uma Porter, uma senhora Porter!

Nos decepcionamos com a suavidade de uma Guiness tomada na sequência e, pedindo uma sugestão do Marco para fecharmos a noite, ele nos ofereceu uma (que minha amnésia alcóolica não permite lembrar o nome) com o gosto só de chocolate, quase sem notas de café, outra grande delícia que fechou, com chave de ouro, a degustação de três escuras com notas variadas de café e chocolate (da turma das Porter e Stout).

O Bruno, não querendo acabar a noite, pediu uma cerveja que atrai muita gente, a Honey Dew, uma cerveja orgânica com mel. Muito refrescante, me lembrando a minha infância comendo cereal com mel, que foi exatamente o gosto que senti nessa cerveja. Tentei sem muito sucesso convencer os outros bebedores dessa teoria e não obtive muito sucesso, hehehe.

Pra acabar o dia com perfeição tinha uma DeuS (uma DeuS!) de presente para mim no meu quarto, é muita alegria pruma noite só, carai!